quarta-feira, 27 de abril de 2011

Mito 4 : As pessoas sem instrução falam tudo errado

Com o preconceito linguístico à solta, a única língua legítima se torna aquela das gramáticas, dos dicionários e das escolas. As outras são considerados linguajares feios e toscos.Qualquer forma de fala diferente do triângulo escola-gramática-dicionário é considerada do ponto de vista do preconceito lingüístico errado.
Acontece que na etmologia das palavras existiram diversas situações em que houve a substituição do R pelo L, e vice-versa. Se fôssemos pensar que as pessoas que dizem "cráudia, chicrete e pranta" têm algum defeito ou atraso mental seríamos forçados a admitir que que toda a população da província da Lusitânia também tinha esse mesmo problema na época em que a língua portuguesa estava se formando. E que o grande Luiz de Camões também sofria desse mesmo mal, já que ele escreveu em sua obra pranta, frauta, ingres na obra que é considerada até hoje o maior monumentário literário do português clássico. O fato é que o preconceito se apóia na falta de instrução escolar das pessoas para inferiorizá-las e ridicularizá-las. É em contrapartida um preconceito social, que discrimina os que "sabem" dos que "não sabem" dividindo a sociedade em camadas de "castas" muito bem definidas e de acordos com os propósitos dos privilegiados. Na televisão o que se vê são imitações das falas do nordeste que têm o propósito claro de "mangar" das pessoas desta região. É uma forma de exclusão social, é claro, mais sutil. Ninguém ri das falas das outras regiões. Esse é um indício de que as críticas não são de fato contra a fala, e sim, contra quem está falando.

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