quarta-feira, 27 de abril de 2011

Mito 3: "Português é muito difícil”

O que acontece, é que a nossa gramática, como já foi falado, se baseia na gramática vigente em Portugal, que apresenta uma língua falada muito diferente da nossa. Assim, o português tal qual estamos acostumados a aprender, o da gramática, pouco uso tem em nossa vida cotidiana. Como diz o autor, nossa concepção de aprender português é “decorar conceitos e fixar regras que não significam nada para nós”.
Fala-se que o português é difícil porque esta disciplina estuda uma língua que não corresponde à língua viva que falamos, cujas regras não são mais utilizadas por quase ninguém e ainda por cima só são totalmente dominadas por alguns, o que contribui para a visão de que “saber português” é algo distante e para poucos. Um bom exemplo citado por Bagno é o caso da regência verbal no verbo assistir. O aluno pode ser forçado a escrever inúmeras vezes a frase “Assisti ao filme” dentro da sala de aula, mas na primeira oportunidade fora dela, usará a forma “Assisti o filme”. Isso porque a gramática usada por nós, uma gramática “intuitiva”, própria do nosso português, não encontra mais a necessidade da forma regencial com a preposição a. A gramática escolar, entretanto, não leva em conta – como bem diz Bagno – o uso brasileiro do português.
– Essa afirmação consiste na obrigação de termos de decorar conceitos e fixar regras que não significam nada para nós. No dia em que nossa língua se concentrar no uso real, vivo e verdadeiro da língua portuguesa do Brasil, é bem provável que ninguém continue a repetir essa bobagens. Todo falante nativo de um língua sabe essa língua, pois saber a língua, no sentido científico do verbo saber, significa conhecer intuitivamente e empregar com naturalidade as regras básicas de funcionamento dela. A regência verbal é caso típico de como o ensino tradicional da língua no Brasil não leva em conta o uso brasileiro do português. Por mais que o aluno escreva o verbo assistir de forma transitiva indireta, na hora de se expressar passará para a forma transitiva direta: “ainda não assisti o filme do Zorro!”
Tudo isso por causa da cobrança indevida, por parte do ensino tradicional, de uma norma gramatical que não corresponde à realidade da língua falada no Brasil.

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